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OPINIÃO: Borges de Medeiros por aqui

Terminei de escrever o prefácio para uma nova edição do livro de Borges de Medeiros publicado em 1933, O Poder Moderador na República Presidencial. Não tive pejo em começar aludindo ao quanto nos une em termos de superação do Tempo (com T maiúsculo, senhor revisor!). Como se estivéssemos agora, juntos, a tomar um chimarrão. Nascido em Caçapava, frequentou - tal e qual Júlio de Castilhos - a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde fui por mais de 40 anos professor. No quinto ano do curso, transferiu-se para a Faculdade de Direito do Recife, mas foi e será das Velhas Arcadas.

Governador do Estado - presidente, como eram chamados então -, comandou-nos durante 25 anos. Getúlio Vargas, seu discípulo - como acontece sempre -, voltou-se contra ele. No movimento constitucionalista de 1932, apoiou os que gritavam pela legalidade desde as Arcadas, tendo sido eleito deputado federal - membro da Assembleia Nacional Constituinte de 1933. Em 1934, foi candidato à Presidência da República, em eleição indireta no Congresso Nacional, tendo obtido 59 votos, Getúlio vencendo por 174. Eleito deputado federal pelo Rio Grande do Sul, foi cassado em 1937. Afastado da política, viveu até maio de 1961, quando se foi, em Porto Alegre.

Não resisto ao impulso de lembrar que Ramiro Barcelos, também deputado federal, sob o pseudônimo de Amaro Juvenal escreveu, na segunda década do século passado, um formidável poema gauchesco - Antônio Chimango - investindo contra ele. Pouca gente sabe disso, razão pela qual - invocando o Porto dos casais - tento justificar minhas expansões sentimentais iniciais repetindo que é sempre bom lembrar coisas passadas.

Alguns dos livros de que se valeu acabavam de ser editados quando escreveu o quanto cá estou a prefaciar. De Kelsen, La démocratie: sa nature, sa valeur, publicado pela Recueil Sirey em 1932, tradução de Charles Einsenmann. De Tristão de Athaíde a Política, cuja primeira edição, sem indicação de editora, é desse mesmo ano. E mais, quase incrível, de Guetzévitch Les Constitutions des nations américaines, publicado também em 1932.

A bibliografia usufruída por Borges de Medeiros dará ao leitor conta do seu aprimoramento intelectual. Além de tudo, da prudência que praticou ao afirmar que "o ideal compatível com a nossa civilização é o do Estado de Direito". Pouco importa o prefácio, composto após o que foi escrito (embora aparente ter sido feito anteriormente, pré feito), sob o manto da prudência, pelo meu irmão gaúcho.

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